quarta-feira, 30 de março de 2011

Londrinês?! Os segredos do exótico idioma falado nas ruas da capital inglesa

                                   Londrinês?!

                   Os segredos do exótico idioma falado
                          nas ruas da capital inglesa


                                        Ricardo Marques da Silva e Tina Leme

           Você está em Londres e ouve um carinha comentar com outro,
    apontando para o seu lado: “ Oh, boy, she is so sad! ” Não pense
    que você parece triste. Nem fique crusty ou dead rar. O melhor é
    procurar uma butique maneira e atualizar o guarda-roupa. E, a
    partir daí, começar a ouvir frases mais agradáveis, como “ She is
    kosher ”, ou, melhor ainda, “ She is cris”, ou “ She is so det ”, o que
    significa que você pode estar realmente pukka.
          Em todo caso, antes de arrumar as malas vale a pena conhecer
    a gíria das ruas e dos pubs londrinos, para não se confundir. Como
    em qualquer outro lugar, a linguagem em Londres nem sempre é
    literal – e nem sempre um bom dicionário é o suficiente. O impor-
    tante é “don’t give it the large”.
          Sad, no caso, em vez de triste quer dizer ultrapassado, out of
    fashion. E tem sentido: para os jovens londrinos, em geral, uma
    pessoa fora de moda é alguém que não curte a vida – portanto,
    sad. Crusty é usado no sentido de estar chateado, “de saco cheio”,
    e rar é quando alguém está bravo de verdade. Dead apenas enfatiza
    o pensamento: “My Dad is dead rar because I got home too late
    last night”, ou seja, o pai da garota está uma fera porque a festa de
    ontem extrapolou.
          Em compensação, sorria quando alguém disser que você está
    kosher. Essa palavra, que em iídiche designa a comida preparada
    segundo os preceitos judaicos, foi apropriada pelos jovens ingleses
    para identificar algo ou alguém very good, ou muito legal. E sorria
    ainda mais se lhe chamarem de cris ou det: ambos os termos foram
    inspirados pela comunidade afro-caribenha e podem ser o anúncio
    de uma bela cantada, significando que você é gatíssima, ou
    gatíssimo, e está abafando. Pukka , então, de origem indiana (pro-
    nuncia-se “paca”), é o máximo: indica algo maduro, pronto para
    comer. “To give it the large” é algo como exagerar, dar bandeira.
    Por exemplo, quando um carinha está dançando piradão demais,
    fala-se: “ He’s giving it the large”.


                    Cultura Inglesa Magazine n. 27, ano VIII, março de 1997, pp. 15-16.
176

Nenhum comentário:

Postar um comentário